OCUPA ESCOLA: SÃO AS PALAVRAS DE ORDEM DOS JOVENS

por Jaciana Melquiades
      Uma reorganização escolar em São Paulo deu início a um movimento de estudantes dispostos a fazer a manutenção de seus espaços educativos. Reorganização é o nome que deram para o fechamento de 94 escolas estaduais. Aqui no Rio, temos um movimento muito pouco anunciado pela grande mídia, mas que está mobilizando milhares de estudantes da rede pública do Rio de Janeiro.
       Os números oficiais da Secretaria de Educação do Estado do Rio apontam 70 escolas ocupadas e as reivindicações são muitas: climatização de todas as salas de aula (promessa antiga do governo Estadual), melhores condições materiais de estudo, diminuição na quantidade de alunos por sala (o que implica no aumento da quantidade de profissionais), dentre outras. Luiz Henrique, ex-estudante do Ensino Médio, 18 anos e atualmente calouro em Filosofia na UERJ, nos fez um panorama deste momento que as escolas estão vivendo bem de dentro desse movimento de estudantes:

"Cresce desde 2013 movimentos feitos por grupos sociais esquecidos. Esses grupos cansados da ordem e da organização desse Estado vão às ruas e lutam por mais direitos e sua permanência, dois anos depois surge um grande fenômeno: os estudantes de São Paulo se organizam para ocupar suas escolas, isso porque algumas delas seriam fechadas e as comunidades escolares se dividiriam em outras. Esse novo corpo estranho, que é a juventude, se mobiliza e ocupa mais de 200 escolas. O movimento passa a barreira de estados e chega no Rio de Janeiro em 2016. As ocupações no Rio têm algumas singularidades que são o reconhecimento das "minorias" e sua forma de atuação - grupo diverso, presente nos corredores de cada escola; a participação dos alunos e alunas nas decisões políticas e estruturais do colégio, as votações para decidirem os seus diretores, a entrada do grêmio, a queda do SAERJ, a abolição do currículo mínimo e outras. Tais movimentações surgem a partir do olhar do jovem para seus pares, da consciência política, da percepção de sujeitos e do conceito de individuo socialA esperança é que essa nova categoria se movimente, lute e resista. É uma "coisa" muito nova para definir seus impactos, mas é um começo. Sigamos na nossa luta por uma nova democracia - ou por um novo conceito dela - que dê e compreenda o direito das mulheres, negros , LGBTS, deficientes físicos e etc. Sigamos."

Luiz Henrique, aluno da UERJ
       Henrique acabou de entrar na UERJ e encontrou a Universidade em estado de greve, num quadro que vem sendo agravado diariamente. Saiu do Ensino Médio, mas segue colaborando com os amigos que estão acampados nas escolas. Nós o Coletivo Meninas Black Power também estamos tentando fazer um acompanhamento, mesmo que virtualmente, do que está acontecendo nas escolas.

Para entender melhor:
SAERJ: O Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ) existe desde 2008 e foi criado com o objetivo de promover uma análise do desempenho dos alunos da rede pública do Rio de Janeiro nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática do 4° ano do Ensino Fundamental a 3ª série do Ensino Médio. No entanto a avaliação não respeita as diferentes realidades das escolas Estaduais e seus resultados seriam usados para fins que não têm relação com uma melhora efetiva do ensino público, mas sim uma forma de mascarar a evasão escolar, a educação tecnicista e sem desenvolvimento de pensamento crítico, além de outras criticas que são feitas ao exame.

CURRÍCULO MÍNIMO: o currículo proposto pelo MEC seria decisivo nas pautas a serem debatidas dentro das escolas. Este tipo de permissão pode comprometer a autonomia do professor, as condições de trabalho e não dar conta da diversidade existente em todo território nacional .

Acompanhem e mobilizem também. Vejam mais em: 

This entry was posted on 28/04/2016 and is filed under ,,,,. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.

Leave a Reply

Obrigada por comentar!