por Karina Vieira
Foto: Stéphane Goanna Munnier |
Quando me descobri mulher negra, uma das
maiores dificuldades que enfrentei (e posso dizer que ainda enfrento) foi o
reconhecimento da potência do meu corpo. Sempre
tive problemas em me expôr e colocar o meu corpo à frente se encaixa nesse
lugar de exposição. Ter sido criada no seio de uma família católica apostólica romana, embora não
praticamente, me fez e ainda faz carregar em mim a chamada "culpa
católica": "não toque ai menina", "tira a mão dai, isso é
feio!".
Viver no corpo e não se sentir pertencente à ele, entender que existem cantos e recôncavos que você desconhece e que só começa a perceber que são seus ao se empoderar do seu corpo e de toda história que ele carrega. Posto isso, uma nova forma de vivência me foi apresentada esses dias. O aprendizado, o estudo, o (re)conhecimento daquele lugar que habito.
Viver no corpo e não se sentir pertencente à ele, entender que existem cantos e recôncavos que você desconhece e que só começa a perceber que são seus ao se empoderar do seu corpo e de toda história que ele carrega. Posto isso, uma nova forma de vivência me foi apresentada esses dias. O aprendizado, o estudo, o (re)conhecimento daquele lugar que habito.
Foto: Stéphane Goanna Munnier |
Me
sentir, tocar, conhecer e começar a perceber o lugar que o meu corpo, esse
corpo preto, ocupa. Explorar, conhecer os limites e não sentir vergonha dos
movimentos, da fluidez e das possibilidades desse corpo. Esse descoberta se deu em Vivências do Balé - Resistência e Corpo Negro, atividade do Grupo Cultural Balé das Iyabas. Ocupar o
mesmo espaço com outras mulheres pretas, trocar conhecimento, sentido de
comunidade, identificação e sensação de pertencimento.
O corpo
preto incomoda. Por isso somos tolhidas, apontadas e muitas vezes envergonhadas
quando temos que nos fazer presentes. A
corporalidade se dá na vivência com o outro, se dá no conhecimento do lugar
histórico que esse corpo está. Visibilidade
e representatividade são problematizações que permeiam e conduzem o meu lugar
de fala, pois quanto mais eu me vejo, quanto mais eu me sinto representada,
menos o meu corpo ocupa um lugar estranho pra mim.