LIBERDADE CAPILAR?


  Acho muito válido quando abrimos nossos corações sobre o que vivemos. Sua história fortalece a minha e assim formamos uma corrente. Minha história não é muito diferente das outras meninas que visitam a página/blog. Infelizmente aprendemos cedo demais a "cultura da química".  Meu presente de 9 anos foi fazer permanente, que sonho era ter cachos que balançam. Lembro que na minha cabeça de criança, bonito era ter o cabelo baixo, e loiro na verdade, mas só de estar “para baixo” eu já ficava feliz.
     Lembro como se fosse hoje, porque ali começava a minha dependência aos químicos. Depois do permanente, passei pelo henê, pela pasta , pelo relaxamento,  por alisantes e escovas definitivas. Escova toda semana e prancha todos os dias. Apesar de toda grana gasta e a tortura com aqueles cheiros, em nome da beleza eu suportava. O resultado dessa maratona da "beleza" foi a quebra do cabelo.  Exausta com essas dependências parei com as escovas definitivas, prancha e química e cortei apenas parte do alisado. Meses depois fiz  um novo corte e embarquei na química novamente, mas desta vez em um salão especializado nos cachos, achava que tinha encontrado a  solução natural que eu precisava. 
      Nesse período zapeando na internet encontrei na página de um conhecido as fotos da Élida, babei com o "blackão" dela, o volume, os penteados. Ganhei o primeiro "up" de afirmação. Depois que achei a página e veio o blog. A cada foto que via, meu peito se enchia de segurança e força. Aos poucos fui aprendendo sobre o black crespão mesmo, sem química.  Mas,  sinceramente na minha cabeça só crescia a pergunta:  Epa, como assim? Como assim nada de química? E os cachos? E como “domar”?
     Chego nesse ponto porque tenho amigas que comentam comigo: "acho lindo o black. É estiloso e tal, mas para mim não dá. Quando vejo minha raiz crescendo já entro em desespero".  Eis ai mais uma questão:  Porque do desespero? Não sou a melhor pessoa para debater a historicidade do cabelo black e muito menos do negro, sou estudante nessa área. Mas, me pergunto porque algumas mulheres negras nem chegam a consideram ter seus cabelos naturais.
       Conversando com uma prima sobre o blog e tudo que ele propõe. Ela deu o mesmo discurso que eu tinha: "Entendo a questão da mulher negra, acho lindo o black Power. Eu sou livre para fazer qualquer coisa. (Mas minha raiz já está crescendo e eu estou desesperada.)" Então, me pergunto será mesmo que há liberdade?  Será que somos livres dos padrões que nos são impostos ainda na infância? Porque uma mulher negra não consegue se ver com o cabelo como nasceu? Isso é liberdade?  
Quando respondi essas questões para mim, percebi que eu não era livre, porque a química era uma necessidade!  Enfim, entendi a real motivação que reúne todas essas mulheres em prol desta causa, que vai muito alem do cabelo. E aprendi que posso ser eu por fora também. 
      O intuito do blog não é pregar a ditadura do black power, muito menos forçar a queimar seus potes de químicas  e incendiar salões. Hoje entendo o que é pregado aqui: que as mulheres sejam apresentadas a real liberdade, mostrando com historias presentes e passadas o significado desse palavra. No próximo post eu conto para vocês como foi o dia do meu Big Chop! Beijos.


This entry was posted on 09/07/2013 and is filed under ,,,,. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.

3 Responses to “LIBERDADE CAPILAR?”

  1. Oi!
    mas eu tó fz um artigo de opinião sobre a cultura estética da mulher negra. E eu quero saber se só pq usamos chapinha somos fruto de uma dependencia quimica?

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  2. Olá Elisabete, tudo bom. Então, no meu caso, os relaxamentos, alisantes, escovas progressivas e etc machucavam o couro cabeludo (tenho as marcas ate hoje), ainda assim eu permanecia utilizando. Insistir em usar algo que não faz bem, é dependência. Aprendi com o MBP que havia alternativa, sem machucados e sem feridas. O MBP é isso, um coletivo, uma escola, apoio e força! Sempre somando. Abços!

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  3. Olá Elisabete, tudo bom. Então, no meu caso, os relaxamentos, alisantes, escovas progressivas e etc machucavam o couro cabeludo (tenho as marcas ate hoje), ainda assim eu permanecia utilizando. Insistir em usar algo que não faz bem, é dependência. Aprendi com o MBP que havia alternativa, sem machucados e sem feridas. O MBP é isso, um coletivo, uma escola, apoio e força! Sempre somando. Abços!

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